"Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.” 1º João 2.14

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Primeiro Mandamento – A. W. Pink

“Não terás outros deuses diante de mim” (Ex. 20:3) é o primeiro mandamento. Vamos considerar brevemente o seu significado. Notamos seu número singular: “tu” não “vós”, dirigida a cada pessoa separadamente. “Não terás outros deuses” tem a força de possuir, procurar, amar, desejar ou adorar outro deus. “Outros deuses” e eles são chamados de tal, não porque eles são realmente deuses, seja pela natureza ou pelo oficio (Sl 82:6), mas por causa do que os corações corruptos dos homens fazem deles  ao estimá-los, tais como em “o deus deles é o ventre “(Fp 3:19). “Diante de mim” ou ” Na minha cara”, o significado é melhor determinado por Sua palavra a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17:1)-condus- nos na compreensão de que  estamos sempre presença de Deus, que o Seu olho é continuamente sobre nós. Isto é muito profundo. Estamos tão aptos para descansar contentes se conseguirmos diante dos homens manter uma conduta razoável de piedade exterior, mas o Senhor sonda nosso ser mais profundo e não podemos esconder dEle qualquer desejo secreto ou ídolo oculto.

Vamos considerar o dever positivo intimado por este primeiro mandamento. Resumidamente, é esta: tu deves escolher, adorar e servir a Jeová como o teu Deus, e só a ele. Sendo que Ele é Criador e Governador, a soma de toda a excelência, o objeto supremo de adoração. Ele não admite rival e ninguém pode competir com ele. Veja então a racionalidade absoluta desta demanda e a loucura de infringir-lo. Este mandamento exige de nós uma disposição e conduta adequada para a relação de estamos firmes com o Senhor como nosso Deus, que é o único objeto adequado de nosso amor e o único capaz de satisfazer a alma. O mandamento exige que nós tenhamos um amor por Ele mais forte do que todas as outras afeições, temos que tomá-lo como a nossa maior porção, devemos  servir e obedecê-Lo supremamente. O mandamento exige que todos os serviços e atos de culto que prestamos ao Deus verdadeiro seja feito com o máximo de sinceridade e devoção (implícita no “diante de mim”), excluindo a negligência de um lado e hipocrisia do outro.

Ao apontar as exigências  deste mandamento não podemos fazer melhor do que citar a Confissão de Fé de Westminster. Eles são “a conhecer e reconhecer de Deus como  o único Deus verdadeiro, e nosso Deus (1 Crônicas 28:9;.. Dent 26:17, etc);  adorar e glorificá-lo adequadamente (Salmos 95:6 , 7, Mateus 4:10, etc), através do pensamento (Malaquias 3:16), meditando (Sl. 63:6), lembrando (Eclesiastes 12:1), altamente estimando (Sl 71:19), honrando (Mal. 1:6), adorando (Isaías 45:23),  escolhendo (Josué 24:15), amando (Dt 6:5), desejando (Sl 73:25), temendo a Ele (Is 8:13), acreditando nele (Ex. 14:31), confiando (Is 26:4), esperando (Sl 103:7), deleitando-se (Sl. 37:4), regozijando-se Nele (Sl 32 : 11), sendo zeloso para Ele (Rom. 12:11), chamando por Ele, dando todo o louvor e graças (Filipenses 4:6), e rendendo toda a obediência e submissão a Ele com todo o homem (Jer. 7: 23), tendo o cuidado em todas as coisas para agradar a Deus (1 João 3:22), se entriotecento quando em qualquer coisa nós o ofendemos (Jr 31:18;. Sl 119:136), e caminhando humildemente com Ele “(Miquéias 6 : 8).

Essas exigências podem ser resumidas nestas principais:

1-            Diligente e ao longo da vida buscar um conhecimento mais completo de Deus como Ele é revelado em Sua Palavra e obras, pois não podemos adorar a um Deus desconhecido.

2-            Amar a Deus com todas as nossas faculdades e força, que consiste em um sincero anseio por ELe, alegria profunda nEle, e um santo zelo para com Ele.

3-            Medo de Deus, que consiste de um temor de sua majestade, suprema reverência por Sua autoridade, e um desejo para a Sua glória. Pois assim como o amor de Deus é o motivo da nossa obediência, o temor de Deus é o grande impedimento de desobediência.

4-            Adoração a Deus de acordo com suas exigências, não negligenciando o estudo e meditação da Palavra, a oração e colocando em prática o que nós é ensinados.

“Não terás outros deuses diante de mim.” Ou seja, não devemos dar a alguém ou alguma coisa no céu ou na terra  a confiança e o desejo  interior do nosso coração, a veneração do nosso amor, e a  dependência que é devida somente ao Deus verdadeiro, não podemos transferir para outra coisa qualquer aquilo que pertence somente a Ele. Também não devemos tentar dividir  entre Deus e outro deus esta confiança, amor e dependencia, pois nenhum homem pode servir a dois senhores.

Os grandes pecados proibidos por este mandamento são:

1-            Ignorância deliberada de Deus e da Sua vontade através de desprezo dos meios pelos quais podemos nos familiarizar com Ele;

2-            Ateísmo, a negação de Deus;

3-            Idolatria, a criação de farsas e deuses fictícios;

4-            Desobediência, por vontade própria ou o desafio aberto contra Deus;

5-            Todas as afeições desordenadas e imoderadas de nossos corações e mentes em outros objetos.

São idólatras e transgressores deste mandamento primeiro aqueles que criam um “Deus”, fruto suas próprias mentes. Tais são os Unitários, que negam que há três Pessoas na Divindade. Tais são os romanistas, que suplicam a mãe do Salvador e afirmam que o papa tem poder para perdoar pecados. Tais são a grande maioria dos arminianos, que acreditam em uma divindade desapontada e derrotada. Tais são epicuristas sensuais (Fp 3:19), pois criam ídolos interiormente, bem como exteriormente. “Estes homens levantaram os seus ídolos nos seus corações” (Ez 14:3). O apóstolo Paulo fala da “avareza que é idolatria” (Cl 3:5) e, pelo raciocínio imparcial, são idolatria todos os desejos imoderados. Qualquer objeto ao qual prestamos esses desejos e serviços que são devidos somente ao Senhor nosso Deus, quer seja você mesmo, ouro, fama, prazer ou amigos ser tornam deuses diante de Deus.

A pergunta que fica então é: Qual é o seu Deus? Para o que é a sua vida dedicada?3

original: http://www.pbministries.org/books/pink/Commandments/command_01.htm


O primeiro mandamento

No último sábado iniciamos uma série de mensagens que tratarão sobre os 10 mandamentos. Para fins de complementação das mensagens pregadas nos cultos, sempre que um mandamento for tratado, estaremos postando aqui um comentário de João Calvino sobre o mesmo. No último sábado, o nosso irmão e seminarista Alexandre Henrique, fez uma introdução contextual dos 10 mandamentos e tratou sobre o primeiro. Vejamos o que Calvino fala nas Institutas.

O primeiro mandamento 

“Não terás outros deuses diante de mim.”(Êxodo 20.2,3)

Sobre cada mandamento, Calvino tem muito a dizer. Por isso, parece-nos necessário dedicar apenas um post à seção em que ele explica o primeiro preceito do Decálogo. Diz-nos o Senhor que não podemos dar a outro aquilo que só a ele pertence.

“O fim deste mandamento é que Deus quer ser o único a ter a preeminência em seu povo e nele exercer seu direito em plena medida… não podemos ter Deus sem que, ao mesmo tempo, abracemos as coisas que lhe são próprias. ”

Por trás de uma ordem simples, o reformador encontra os mais diversos princípios. Aqui, por exemplo, encontramos importantes coisas que devemos dedicar apenas a Deus. Calvino lista 4 delas: adoração, confiança, invocação e ação de graças.

“Chamo adoração a veneração e o culto que qualquer um de nós lhe rende, quando se lhe submete à grandeza. Por isso, não improcedentemente, incluo à adoração a submissão de nossa consciência à sua lei. Confiança é a segurança de nele descansar, em virtude do reconhecimento de seus predicados, quando, atribuindo-lhe toda sabedoria, justiça, poder, verdade, bondade, reconhecemos que somos bemaventurados somente em sua comunhão. Invocação é o recurso de nossa mente à sua fidelidade e assistência, como ao sustentáculo único, sempre que alguma necessidade insiste. Ação de graças é a gratidão com que se lhe atribui o louvor de todo bem.” (idem)

Tudo isso deve ser entregue somente a Deus e mais ninguém. Note a importância que Calvino dá ao cumprimento da Lei do Senhor como forma de adoração, algo tão esquecido hoje em dia. É preciso que sempre examinemos nossas mentes se quisermos ser verdadeiros adoradores. Um homem que confia em sua força, que agradece ao dinheiro, depende só do Estado ou é motivado pela aprovação da sociedade pode estar erigindo falsos deuses. Estamos sempre diante do Senhor, algo que Calvino chama atenção com a ilustração do matrimônio.

“A frase que segue, diante de minha face, intensifica a indignidade, pela qual Deus é provocado ao ciúme sempre que em seu lugar pomos nossas invenções, tal como se uma esposa despudorada, trazido escancaradamente o amante diante dos olhos do marido, mais lhe incendesse o ânimo… não se podem admitir novas deidades sem que seja ele testemunha e observador de seu sacrilégio. Mas, a esta petulância acrescenta-se o máximo de impiedade, a saber, que, em seus desvios, o homem julga poder burlar os olhos de Deus.” (2.8.16, p.143)

Que nossos corações entreguem somente ao Senhor aquilo que é dele. Que ele seja nossa motivação, nosso porto seguro, nosso braço forte. Por fim, que não sejamos ingratos.

joãocalvino.net

Jesus odeia religião??

por Augustus Nicodemus Lopes.

 

Eu acho que frases de efeito como “Jesus é maior do que religião”, ou ainda “Jesus odeia religião”, ou mesmo “Eu sigo a Jesus; cristianismo é religião” não ajudam muito. Elas precisam de algumas definições para fazer sentido.

(1) A religião que Jesus “odiou” foi o judaísmo legalista e farisaico de sua época, que era uma DISTORÇÃO da religião que Deus havia revelado a Israel e pela qual os profetas tanto lutaram. Logo, não se pode dizer que Jesus é contra a religião em si, mas contra aquelas que são legalistas, meritórias e contrárias à palavra de Deus;

(2) Jesus participou daquilo que era certo na religião de seus dias: foi circuncidado, aceitou ser batizado por João, foi ao templo nas festas religiosas, orou, deu esmolas, mandou gente que ele curou mostrar-se ao sacerdote;

(3) Seus seguidores, os apóstolos, logo se organizaram em comunidades, elegeram líderes, elaboraram declarações de fé, escreveram livros que virariam Escritura, recolhiam ofertas, tinham locais (casas) para se reunir – ou seja, tudo que uma religião tem. Logo, não devíamos dizer que o cristianismo não é uma religião;

(4) É verdade que o Cristianismo através dos séculos se corrompeu em muitos lugares e épocas. Mas, todas as vezes em que isto ocorreu, deixou de ser a religião verdadeira para ser uma religião falsa. Portanto o correto é dizer que Jesus odeia o legalismo religioso, inclusive dentro do cristianismo. Mas é injusto e falso colocar Jesus contra toda e qualquer forma de cristianismo.

Originalmente postado em O Tempora, O Mores.

Onde a Bíblia proíbe fazer jogos de azar?

Quanto eu saiba, em lugar nenhum, explicitamente.  Os  sorteios  de  que  fala  a Bíblia  eram  feitos  para  decidir  questões  e impasses – para orientar as pessoas ou o povo em situações difíceis. Em Provérbios 18.18 lemos: “Pelo lançar da sorte, cessam os pleitos, e se decide a causa entre os poderosos”. Mesmo nesses casos, o povo de Deus reconhecia que quem decide a sorte é Deus. É o que vemos em Atos 1.23-27: na escolha de um diácono, foi pedida a bênção de Deus antes  de  ser  lançada a  sorte.  Vemos  também esta verdade claramente  apresentada em Provérbios 16.33, que pontifica: “A sorte se  lança  no  regaço, mas do SENHOR procede  toda  decisão”.  [No  caso  das  vestes de Jesus, foi lançada sorte, mas por pagãos que  participaram  da crucificação do Senhor Jesus: Mateus 27.35.]
Indiretamente,  a Bíblia  condena  os “jogos  de  azar”:

(1) Determinando  que  o homem trabalhe seis dias na semana e descanse um. No Decálogo, o mandamento mais extenso e detalhado é o quarto, sobre o santo repouso semanal, depois de seis dias de trabalho: Êxodo 20.8-11.

(2) Condenando o preguiçoso. O livro de Provérbios contém muitas exortações e advertências sobre a preguiça. Exemplos: Provérbio 6.6-11: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos [dela] e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. Ó preguiço-so, até quando ficarás deitado?…”. Ver também Provérbios 10.26; 13.4; 19.15, 24 e Eclesiastes 10.18, entre outras passagens.

(3) Com exortações duras da Palavra de Deus, como estas do apóstolo Paulo, inspirado: “Aquele que fur-tava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Ef 4.28) e: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Tessalonicenses 3.10) – supondo-se, é claro, que a pessoa tem condições de saúde que lhe permitam trabalhar.

(4) Exemplo divino – Disse Jesus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”.Na bela descrição das experiências diárias da vida no salmo 104, o versículo 23 começa dizendo: “Sai o homem para o seu trabalho…”.

A  Bíblia  desestimula,  ou,  melhor  dizen-do, condena todo tipo de ganho fácil – juros extorsivos, por exemplo.  Isso  para  não entrar nos meandros e sinuosidades das arti-manhas  dos  homens que, na indústria, no comércio, na política, e  até  em  segmentos da religião, usam mil e  um  recursos  para encontrar  maneiras de  ganhar  mais  do que  devem  pelo  que fazem, e até pelo que fingem que fazem.
Quanto  ao  trabalho na  seara  do  Mestre, tanto  no  exercício honesto  da  profissão como  nos  diferentes ministério  e  serviços da igreja, é alentadora a palavra bíblica de afirmação da segura vitória que Deus nos dá por meio do Senhor Jesus Cristo, com a qual encerro esta resposta (1Co 15.58):

“…meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.”

Odayr Olivetti – Jornal Presbiteriano, Pag 19.

O reverendo Odayr Olivetti  é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor.

Conduta Reverente

por Mark Dever

Eu me lembro de aparecer para ensinar numa classe de escola dominical na Nova Inglaterra onde todos me esperavam — e eles me esperaram durante uma hora! Todos os seus relógios foram adiantados em uma hora; eu esqueci de mudar o meu. Eu estava vivendo de modo diferente deles, obedecendo um relógio diferente. No primeiro capítulo de 1 Pedro, Pedro diz que Cristãos vivem vidas diferentes porque tem objetivos diferentes. O leitor de Pedro eram jovens Cristãos que estavam meio confusos. Eles se tornaram Cristãos, mas então suas vidas pareciam ficar mais difícil ao invés de fácil. Eles começaram a imaginar: “Estamos fazendo algo errado? Por que essas coisas estão acontecendo?” Nessa breve carta Pedro os entregou uma resposta maravilhosa.

Ele os mostrou que quando Deus muda nossos amores, nossas vidas mudam. E o que eles mudam para ser maravilhoso — nossas vidas mudam para refletir o próprio caráter de Deus! Três coisas parecem marcar a vida do Cristão como Pedro descreve em 1:13-25 — santidade, reverência e amor.

O Apóstolo diz em 1:13-16 que devemos desejar a beleza de ser como Deus em sua santidade. Ele cita o mandamento divino em Levítico na qual o povo era ordenado a ser santo porque Ele, o Senhor, é santo. Aquilo ainda era verdade nos dias de Pedro, e ainda é verdade nos nossos.

De fato, se a santidade se destacou nos dias de Pedro, ela certamente não é menos distinta do que em nossos dias. Hoje, nossas crenças são vistas como primitivas e mesmo alarmantes por muitos daqueles ao nosso redor. Um amigo recentemente me contou de ir a uma certa reunião no American Bar Association. Ele estava sentado do lado de fora de uma sala de reuniões de um grande hotel antes da reunião, lendo um comentário de Gênesis. Um advogado proeminente que ele conhecia veio até ele para cumprimentá-lo. Depois de uma conversa fiada, o advogado perguntou ao meu amigo qual era a leitura. Ele mostrou a ele salientou que era um comentário do livro de Gênesis. Meu amigo disse que o advogado fisicamente recuou. Ele pensou que ele ia cair! O rosto do advogado ficou vermelho, seus olhos saltaram e ele começou a gaguejar. Finalmente, ele apontou o dedo para o livro do meu amigo e disse, “não acredito que você trouxe isso,” querendo dizer, meu amigo achou, “Como você pode trazer essa relíquia de outra era para essa reunião de mentes pensantes?” Então meu amigo disse que o advogado saiu rapidamente, da forma mais preocupada que ele já viu.

O que aconteceu? Meu amigo estava experimentando “estranheza” de ser um Cristão na America moderna. E ainda meu amigo, como todos que são verdadeiramente Cristãos, não deve viver ignorando Deus, como nossos amigos não-Cristãos normalmente fazem. Devemos ser santos como Deus é santo.

Um segundo aspecto da vida Cristã é ter reverência a Deus. Em tudo que fazemos, devemos pensar em Deus.E nós estamos certos em temer o simples desprazer Daquele que conhece todas as coisas, juiz imparcial. Nós devemos nos comportar à luz de Sua presença e caráter, à luz daquilo que Ele fez por nós em Cristo e o que Ele fará como juiz. Pedro diz: “portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pedro 1:17).

Essa ideia de temer frequentemente confunde os Cristãos, mas é uma parte natura de qualquer relação significante que temos. Não queremos, sem intenção, ofender ou perder um amigo. Aquelas coisas que mais valorizamos estão refletidas — como um espelho — em nossos medos. O que tememos? Doença? Problemas financeiros? Rejeição? Pobreza? Solidão? Fraquezas? Temer essas coisas mais que Deus significa dar mais valor a elas do que a Deus. Finalmente, significa obedecer-las mais que a Deus.

E se seguir a vontade de Deus para nossas vidas significa que vamos colocar nossas vidas em perigo nos mudando para o Afeganistão ou arriscar rejeição quando recusamos fazer algo imundo com um amigo? Pedro disse a esses Cristãos — e nos diz hoje — que devemos olhar para Deus primeiro em todas as nossas ações.

Finalmente, nesse capítulo, Pedro diz que a vida Cristã é marcada pelo amor. “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1:22). Pedro os ordena a fazer isso porque a pressão que esses Cristão primitivos estavam enfrentando de seus amigos não-Cristãos poderia tê-los levado a se tornarem irritados e grossos uns com os outros. Nem sempre reagimos graciosamente sob pressão, não é verdade?

E se realmente vivermos vidas santas, reverentes e tementes? Nosso nome é glorificado? Somos exaltados em glória? Pedro diz que o resultado disso é que Deus glorificado. “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que que falam contra vós outros como malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (2:12). Se como Cristãos vivemos vidas santas, reverentes e tementes a Deus, a vontade de Deus será glorificada.

Valia a pena para esses Cristãos antigos de viverem desse modo? Seria valioso para você e eu? Isso tudo depende de qual é nosso objetivo. Se nosso objetivo é nosso conforto imediato próprio, então a resposta seria “não.” Vida fiel significará constrangimento e mesmo rejeição as vezes. Mas se nosso objetivo for a glória de Deus, então todo o julgamento que poderíamos sofrer certamente vale a pena. Como esses primeiros Cristãos sabemos disso. Oremos para que vivamos isso para a glória de Deus.

Fonte: Ligonier Ministries

Tradução: Eric Lima ( http://www.amecristo.com )

Quem são os seus amigos?

 

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Seu deleite, porém, está na lei do SENHOR; e em sua lei medita dia e noite”.

– (Salmos 1:1-2)

 

Neste salmo, o autor inculca a todos os piedosos o dever de meditar na lei de Deus. A suma e substância de todo o Salmo consistem em que são bem-aventurados os que aplicam seus corações a buscar a sabedoria celestial; ao passo que, os profanos desprezadores de Deus, ainda que por algum tempo se julguem felizes, por fim terão o mais miserável fim.

A intenção do salmista segundo expressei acima, é que tudo estará bem com os devotos servos de Deus, cuja incansável diligência é fazer progresso no estudo da lei divina. Já que o maior contingente do gênero humano vive sempre acostumado a escarnecer da conduta dos santos como sendo mera ingenuidade e a considerar seu labor como sendo total desperdício, era de suma importância que o justo fosse confirmado na vereda da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens destituídos da bênção de Deus e da convicção de que Deus a ninguém é favorável senão àqueles que zelosamente se devotam ao estudo da verdade divina.

Além do mais, como a corrupção sempre prevaleceu no mundo, a uma extensão tal que o caráter geral da vida humana nada mais é senão um perene afastar-se da lei de Deus, o salmista, antes de declarar a ditosa sorte dos estudantes da divina lei, os admoesta a se precaverem para não se deixar levar pela impiedade da multidão que os cerca.

Começando com uma declaração que revela sua aversão pelos perversos, ele nos ensina quão impossível é para alguém aplicar sua mente à meditação na lei de Deus, se antes não recuar e afastar-se da sociedade dos ímpios. Eis aqui sem dúvida uma admoestação em extremo necessária; porquanto vemos quão irrefletidamente os homens se precipitam nas armadilhas de Satanás; no mínimo, quão poucos, comparativamente, há que se protegem contra as fascinações do pecado. Para que vivamos plenamente conscientes dos perigos que nos cercam, necessário se faz recordar que o mundo está saturado de corrupção mortífera, e que o primeiro passo para se viver bem consiste em renunciar a companhia dos ímpios, de outra sorte é inevitável que nos contaminemos com sua própria poluição.

A afirmação do profeta de que é bem-aventurado quem não se enleia com os ímpios, é o que o comum sentimento e opinião do gênero humano dificilmente admitirá; pois enquanto todos os homens naturalmente desejam e correm após a felicidade, vemos com quanta determinação se entregam a seus pecados; sim, todos aqueles que se afastam ao máximo da justiça procurando satisfazer suas imundas concupiscências se julgam felizes em virtude de alcançarem os desejos de seu coração.

O profeta, ao contrário, aqui ensina que ninguém pode ser devidamente encorajado ao temor e ao serviço de Deus, e bem assim ao estudo de sua lei, sem que, convictamente, se persuada de que todos os ímpios são miseráveis e que os que não se afastam de sua companhia se envolverão na mesma destruição a eles destinada.

Como, porém, não é fácil evitar os ímpios com quem estamos misturados no mundo, sendo-nos impossível distanciarmo-nos totalmente deles, o salmista, a fim de imprimir maior ênfase à sua exortação, emprega uma multiplicidade de expressões. Em primeiro lugar, ele nos proíbe de andarmos em seu conselho; em segundo lugar, de determo-nos em seu caminho; e, finalmente, de assentarmo-nos junto deles.

A suma de tudo é: os servos de Deus devem diligenciar-se ao máximo por cultivar aversão pela vida dos ímpios. Como, porém, a habilidade de Satanás consiste em insinuar seus embustes, de uma forma muito astuta, o profeta, a fim de que ninguém se deixe insensivelmente enganar, mostra como paulatinamente os homens são ordinariamente induzidos a desviar-se de seu reto caminho. No primeiro passo, não se precipitam em franco desprezo a Deus; mas, tendo uma vez começado a dar ouvidos ao mau conselho, Satanás os conduz, passo a passo, a um desvio mais acentuado, até que se lançam de ponta cabeça em franca transgressão.

O profeta, pois, começa com conselho, termo este, a meu ver, significando a perversidade que ainda não se exteriorizou abertamente. A seguir ele fala de caminho, o que deve ser tomado no sentido de habitual modo ou maneira de viver. E coloca no ápice da ilustração o assento, uma expressão metafórica que designa a obstinação produzida pelo hábito de uma vida pecaminosa.

Da mesma forma, também deve-se entender os três verbos: andar, deter, assentar. Quando uma pessoa anda voluntariamente em consonância com a satisfação de suas corruptoras luxúrias, a prática do pecado a enfatua tanto que, esquecida de si mesma, se torna cada vez mais empedernida na perversidade, o que o profeta denomina de deter-se no caminho dos pecadores. Então, por fim, segue-se uma desesperada obstinação, a qual o profeta expressa usando a figura do assentar-se.

Aqueles que se denominam escarnecedores, tendo-se desfeito de todo o temor de Deus, cometem pecado sem qualquer restrição na esperança de escapar impunemente e, sem compunção ou temor, se divertem do juízo de Deus como se jamais houvesse um dia em que serão chamados a prestar-lhe contas. O termo hebraico chataim, significando a perversidade franca, é mui apropriadamente associado ao termo caminho, o qual significa uma professa e habitual maneira de viver.

Ora, se nos dias do salmista necessário se fazia que os devotos adoradores de Deus evitassem a companhia dos ímpios, a fim de manterem sua vida bem estruturada, quanto mais no tempo presente, em que o mundo se transformou em algo muitíssimo mais corrupto, nosso dever é evitar criteriosamente todas as ameaças da sociedade, para que nos conservemos incontaminados de todas as suas impurezas.

O profeta, contudo, não só prescreve aos fiéis que se mantenham à distância dos ímpios, temendo ser contaminados por eles, senão que sua admoestação implica ainda que cada um seja prudente, a fim de que não se corrompa e nem se entregue à impiedade. Mesmo que uma pessoa não tenha ainda contraído todo o aviltamento provindo dos maus exemplos, no entanto é possível que se assemelhe aos perversos, ao imitar espontaneamente seus hábitos corruptos.

 

Texto extraído de “O livro dos Salmos”, v.1, de João Calvino; Editora EP. (http://casamentoefe.blogspot.com.br/2012/03/quem-sao-os-seus-amigos-joao-calvino.html)

Uma palavra firme, mas com Amor – Rev. Rosther

 

Desde o começos da história do povo de Deus, um dos grandes desafios enfrentados por este, foi a luta contra o secularismo e o mundanismo. Isso ocorre porque nem todos os que fazem parte da igreja militante, são membros da igreja triunfante, nem todos que se congregam na igreja visível, estão inseridos na igreja invisível. Se não bastasse o fato de o joio estar semeado junto ao trigo, aqueles que são regenerados, ainda carregam dentro de si a natureza pecaminosa e muitas vezes alimentam mais a sua natureza do pecado, em lugar de alimentar a natureza do Espírito, revelando assim sua deslealdade e falta de amor para com o Senhor que os redimiu.

 

Na manhã de hoje em minha devocional, defrontei-me com uma situação na qual o povo de Deus é envergonhado por se conformar a este século. O povo de Deus, habitando em Sitim, começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram os filhos de Israel ao sacrifício dos seus deuses e o povo de Deus comeu e inclinou-se diante dos deuses delas, traindo o Senhor que os havia libertado da escravidão do Egito, adulteraram contra o bom Deus que os sustentara no deserto. O que veremos nesse texto é o que acontece quando a igreja se torna como o mundo.

 

Quando a Igreja se torna como o mundo, ela ama os prazeres do mundo mais do que a Deus. O povo de Deus olhou para a beleza das filhas dos moabitas, e no coração acreditaram que elas concederiam a eles mais prazeres que o próprio Deus, tiveram relações com elas, aceitaram os convites delas para os sacrifícios dos deuses estranhos e se prostraram diante dos deuses delas. Isso é o que acontece quando a idolatria dos prazeres domina a vida de pessoas que se chamam cristãs. Elas não tem comunhão com o Senhor, não tem prazer em Deus, não sabem o que são as genuínas experiências espirituais, conforme a linguagem de Edwards, e porque não conhecem o prazer da intimidade com Deus, precisam buscar os efêmeros e falsos prazeres deste mundo, que nos afastam da bênção de provar do relacionamento íntimo e pessoal com o Senhor,que João define em 17.3 do seu evangelho como vida eterna. Meu coração tem se alarmado em perceber como às vezes o povo que se chama povo de Deus se atiça para experimentar as coisas nas quais o mundo tem prazer e das quais Deus não se agrada.

 

Ontem de manhã preguei na exposição sequencial em 1 João 1. 3-6, o versículo 6 diz que quem permanece nele deve andar como ele andou. Jesus frequentou todos os lugares, sentou-se com pecadores, comeu com eles, mas sempre mantendo uma maneira santa e distinta para ganhá-los para si. O texto da epístola apostólica diz que devemos ser como ele é. Com muito carinho, vou fazer uma caricatura para você perceber o que digo, fiquei imaginando sinceramente se Jesus em ocasiões festivas junto com os irmãos da Igreja, acompanhados de não crentes, faria coreografias e dançaria ao som de Michel Teló: “Ai se eu te pego”, não importa qual seja o idioma. Imagine comigo! Será que o Senhor diria: “Ai não tem nada a ver!”? “Eu penso que isso não é pecado”. Você sabe que foi a primeira pessoa da história que disse: “não tem nada a ver”? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! Adivinhou? O inimigo das nossas almas. A serpente disse a nossa primeira mãe em Gênesis 3.4, “é certo que não morrereis”, ao dizer isto referindo-se ao que Deus falou, estava dizendo, “não tem nada a ver, eu penso diferente”, Satanás foi o  primeiro relativista pós-moderno que pensava diferente. Se somos verdadeiros cristãos reformados, não deformados, não nos importamos com os pensamentos da carne, não somos relativistas, queremos adequar-nos às Sagradas Escrituras. Ortodoxia sem ortopraxia é verborragia, prelúdio da heterodoxia, sinal de retórica vazia.

 

Que Deus nos livre da idolatria dos prazeres, que amemos mais o Senhor do que a nós mesmos, se somos de fato cristãos!

 

Não obstante percebemos no texto de Números 25 que quando a igreja se torna como o mundo, Deus manifesta sua ira. A ira de Deus se acendeu contra Israel e o nosso Senhor disse a Moisés que tomasse os cabeças do povo e os enforcasse ao ar livre ao Senhor e a ardente ira se retiraria de sobre Israel. Graças a Deus nos dias de hoje o Senhor não manda enforcar ninguém! Mas, que Deus continua irando-se, isso é uma grande verdade. Paulo nos ensina em Romanos 1, que a manifestação dessa ira é entregar o homem à sua própria sorte e isso chega ao ponto de que homens e mulheres começam a se inflamar em sua sexualidade, homens com homens e mulheres com mulheres. Quando isso acontece no meio de um povo é um sinal de que a ira de Deus está se manifestando. Mas, também quando há adultério, prostituição, mentira, corrupção, vícios, expressão de sensualidade em lugares inapropriados, egoísmo inveterado, tudo isso é sinal de que Deus entrega seu povo à ira e as consequências se tornam cada dia mais trágicas.

 

Muitas vezes nos maravilhamos demais, com o nosso conhecimento teórico das Escrituras, poder aquisitivo, capacidade intelectual, conhecimento de idiomas, somos cidadãos globais e isso não impressiona a Deus. De jeito nenhum!

 

Como pastor que ama o seu rebanho, que conhece o Deus das Escrituras, não quero ver a mão de Deus pesando sobre o meu povo. O Senhor sabe quanto tenho chorado por vossas vidas. Só o Senhor sabe a dor que temos com os que adoecem, com os que se perdem, com os que se afastam de Deus. Não zombemos do Cordeiro, Ele é meigo e amável, mas também é o Leão de Judá e terrível é a sua ira!

 

Contudo, o texto nos diz que quando a Igreja se torna como o mundo ela precisa ser disciplinada. O texto nos conta que Zimri , princípe da tribo de Simeão que não tinha temor de Deus, tomou Cosbi princesa midianita e levou para sua tenda e começou a ter relações fornicárias com ela, desde aquela época Deus já condena relacionamentos mixtos. Tudo isso aconteceu diante dos olhos de Moisés e todo o povo chorava diante da tenda da congregação. Enquanto isso, Deus matava os israelitas por meio de uma praga. Até que Finéias, filho do sacerdote Eleazar, toma sua lança, entra na tenda de Zimri e o atravessa junto com Cosbi no momento do ato sexual, matando os dois de uma só vez, o versículo 8 nos diz que nesse exato momento a praga cessou no meio do povo. Porém, aquele dia foi um dia muito triste, pois vinte e quatro mil pessoas do povo de Deus morreram, por causa da praga enviada pelo Senhor.

 

Finéias foi usado para a disciplina, mas se você perguntasse a ele, certamente, se pudesse, ele evitaria ter que passar por tudo isso. Ter que ser instrumento de disciplina é algo que dói imensamente no coração de quem o faz, porque sabe que é pecador e só é salvo pela graça do Senhor! Não obstante, é mister obedecer a Deus e as Sagradas Escrituras nos dizem em Hebreus 12 que Deus disciplina a quem Ele ama e açoita a todo aquele que é seu filho. Se ficamos sem disciplina, somos bastardos, não filhos. Quando alguém nos disciplina, isso é um sinal que Deus ainda nos ama e não se esqueceu de nós. Se algum dia ficarmos sem disciplina será nossa ruína, pois será a evidência de que Deus se esqueceu de nós.

 

Quanto a Finéias, o disciplinador, vejamos o que Deus disse:

 

25.10 Então, disse o SENHOR a Moisés:

 

25.11   Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois estava animado com o meu zelo entre eles; de sorte que, no meu zelo, não consumi os filhos de Israel.

 

 

 

25.12   Portanto, dize: Eis que lhe dou a minha aliança de paz.

 

 

 

25.13   E ele e a sua descendência depois dele terão a aliança do sacerdócio perpétuo; porquanto teve zelo pelo seu Deus e fez expiação pelos filhos de Israel.

 

Deus recompensa o servo que zelou pelo seu nome, pela su santidade e pela santidade do seu povo.

 

Paulo em Romanos 12.11 diz:

 

 

 

“ No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;

 

 

 

Meu queridos irmãos e irmãs, quero desafiar-lhes a ser os novos Finéias, a zelar pelo Senhor e a amar os irmãos, de tal maneira que vocês venham dar-lhes a bênção de ser admoestados com amor, pois este é um sinal de que Deus os ama e que você se importa com eles.

 

Se você caiu em si ao ler esta pastoral, talvez você me dirá: “Tudo bem pastor, mas o senhor poderia dizer essas palavras a cada um individualmente, no âmbito particular”.

 

Que bom que mais uma vez você é solícito em expressar o que pensa, mas tenho pedido graça a Deus para ser um pastor fiel às Escrituras e não fazer o que alguns do meu rebanho acham que deve ser feito e as Escrituras dizem aos pastores em 1 Timóteo 5.20:

 

“ Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam.”

 

Que Deus tenha misericórdia de nós!

 

Como disse Paulo em 1. Coríntios 10.12:

 

Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.”

 

 

 

Que Deus nos livre da mentalidade pós-moderna, relativista e secular.

 

Que Deus nos ensine a pensar e a viver biblicamente!

 

Em Cristo, vosso pastor,

 

Rev. Rosther Guimarães Lopes. VDM. Verbum Dei Minister.


As doutrinas da Graça e a Paixão pelas almas dos homens

por John A. Broadus .

Porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos. (Romanos 9.3)

A preocupação com a salvação dos outros não é anulada pela crença naquilo que chamamos “As Doutrinas da Graça”. Tal preocupação não diminui por crermos na soberania divina, na predestinação e na eleição. Muitas pessoas demonstram intensa antipatia às idéias expressas nestes últimos vocábulos. Recusam-se a aceitá-las, porque, em suas mentes, tais idéias estão associadas ao conceito de indiferença apática. Estas pessoas dizem que, se a predestinação é verdadeira, conclui-se que um homem não pode fazer nada por sua própria salvação; se tiver de ser salvo, ele o será, não podendo fazer coisa alguma para isso, nem ele nem qualquer outra pessoa precisa se importar com isso.

Mas isto não é verdade; eu o provarei mediante o fato de que o próprio Paulo, o grande porta-voz dessas doutrinas nas Escrituras, pronunciou essas palavras de interesse e amor ardente, em favor da salvação dos outros, vinculando-as intimamente às passagens em que ele ensinou as doutrinas da graça. Volte os seus olhos a algumas frases anteriores a Romanos 9.3 e encontrará a própria passagem sobre a qual muitos tropeçam. “E aos que predestinou” — muitas pessoas estremecem ao ouvir essas palavras — “a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

Apenas um pouco depois de Paulo ter proferido essas palavras, das quais muitos pretendem inferir a idéia de que, crendo nelas, o homem não precisa se preocupar com a sua salvação ou com a salvação dos outros, vieram aquelas palavras cheias de paixão que constituem nosso versículo texto. E isso não é tudo, pois você encontrará logo em seguida, o texto onde Paulo falou sobre Esaú e Jacó, afirmando que Deus estabeleceu uma diferença entre eles, antes mesmo de nascerem, e onde disse, a respeito de Faraó, que Deus o havia levantado para demonstrar o Seu poder e declarar o Seu nome em toda a terra. “Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.” Algumas boas pessoas chegam a estremecer diante da inferência que lhes parece inevitável de uma linguagem como esta. Mas eu digo que esta inferência deve estar errada, pois o homem inspirado, que proferiu essas palavras, apenas alguns momentos antes havia pronunciado as palavras de nosso versículo texto.

E, sempre que você perceber que seu coração ou o coração de um amigo está propenso a fugir desses grandes ensinamentos das Escrituras divinas, com relação à soberania e a predestinação, então eu oro para que você não discuta sobre isto, mas que se volte a esse texto bíblico, expresso em linguagem de tão grande preocupação em favor da salvação dos outros, de forma tão intensamente cheia de paixão, que os homens se admirarão e certamente dirão que tais palavras não podem significar o que elas realmente dizem. O problema é que neste caso, e em muitos outros, tiramos inferências sem fundamento dos ensinamentos da Palavra de Deus e jogamos todo o nosso ódio para com essas inferências sobre as verdades que delas extraímos. Ora, qualquer coisa considerada como verdade, a favor ou contra a doutrina do apóstolo acerca da predestinação e da soberania divina na salvação, eu afirmo que isto não torna um homem indiferente à sua própria salvação e à salvação dos outros; este não foi o efeito sobre Paulo, e entre essas duas grandes passagens encontram-se as maravilhosas palavras de nosso versículo texto.

 

 

[Um trecho do sermão intitulado “Preocupação Intensa pela Salvação dos Outros”, do livro Sermons and Addresses, Hodder & Stoughton: Nova Iorque, 1886.]

Fonte: Site da Editora Fiel (retirado de Monergismo )

Diariamente Deus – Spurgeon

 

 

A Santidade significa total obediência a Cristo

1. As escrituras não nos ensinam somente o princípio da santidade, mas também nos diz que Cristo é o caminho a este princípio.
Posto que o Pai nos tem reconciliado consigo mesmo por meio de Cristo, Ele nos ordena que sejamos moldados à sua imagem.
Àqueles que pensam que os filósofos têm um sistema melhor de conduta, lhes pediria que nos mostrassem um plano mais excelente do que obedecer e seguir a Cristo.
A virtude mais sublime de acordo com os filósofos é viver a vida de acordo com a natureza. Todavia, as Escrituras nos mos­tram Cristo como nosso modelo e exemplo perfeitos.
Deveríamos exibir o caráter de Cristo em nossas vidas, pois o que pode ser mais efetivo para nosso testemunho e de mais valor para nós mesmos?
2. O senhor nos tem adotado para que sejamos Seus filhos sob a condição de que revelemos uma imitação de Cristo, que é o Mediador da nossa adoção.
A menos que nos consagremos de maneira devota e ardente à justiça de Cristo, não só nos afastaremos de nosso Criador, como também estaremos renunciando voluntariamente ao nosso salvador.
3. As Escrituras fazem sua exortação com as promessas sobre as incontáveis bênçãos de Deus e o fato eterno e consumado da nossa salvação.
Portanto, posto que Deus tem revelado a si mesmo como Pai, se não nos comportarmos como seus filhos, seremos culpa­dos da ingratidão mais desprezível.
Já que Cristo nos tem unido ao seu corpo como membros, deveríamos desejar fervorosamente não desagradá-lo em nada. Cristo, nosso cabeça, ascendeu aos céus; portanto, deveríamos deixar para trás os desejos da carne e elevar nossos corações a Ele.
Uma vez que o Espírito Santo nos tem consagrado como templos de Deus, proponhamos a nós mesmos, em nossos cora­ções, não profanar Seu santuário; antes manifestemos Sua gló­ria.
Tanto nossa alma como nosso corpo estão destinados a herdar uma coroa incorruptível. Devemos então manter ambos puros e sem mancha até o dia do nosso Senhor.
Esses são os melhores fundamentos para um código corre­to de conduta. Os filósofos nunca se elevam por sobre a dignidade natural do homem; mas as Escrituras apontam-nos nosso salvador sem mancha, Cristo Jesus (ver Rm 6.4; 8.29).
João Calvino